Agronegócio

Agricultura pede recursos extras para enfrentar crise sanitária no campo

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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse nesta quarta-feira (04.06) que diante do agravamento de quatro emergências sanitárias que afetam diferentes cadeias produtivas do agronegócio, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) prepara uma medida provisória com pedido de crédito suplementar de R$ 135 milhões. A proposta será enviada à Casa Civil e busca garantir a continuidade das ações de contenção e vigilância, que correm o risco de serem afetadas pelas recentes restrições orçamentárias impostas ao governo federal.

O país lida, simultaneamente, com a Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), a mosca-da-carambola, a monilíase do cacaueiro e a vassoura-de-bruxa na mandioca. Os três últimos focos estão concentrados na Região Norte, mas geram preocupações crescentes pelo potencial de dispersão e pelo impacto direto sobre sistemas produtivos regionais.

Segundo o Mapa, o pedido de reforço orçamentário tem caráter emergencial. Após um contingenciamento de 53% do orçamento da pasta, há previsão de novo bloqueio de 23% até o fim do ano. Na prática, isso compromete o fluxo de pagamentos para equipes de campo, vigilância em propriedades rurais e compra de insumos usados no controle fitossanitário.

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Sistema sob pressão – No caso da gripe aviária, o país conseguiu até agora impedir a disseminação do vírus em granjas comerciais, apesar de já ter registrado focos em aves silvestres e criações domésticas. O desempenho do sistema de defesa agropecuária tem sido apontado como decisivo para conter o avanço da doença em zonas produtivas, mantendo, até o momento, a integridade da produção industrial de frango.

A manutenção dessa barreira, no entanto, exige investimentos contínuos em monitoramento, coleta de amostras, análises laboratoriais e ações preventivas. Qualquer interrupção no financiamento dessas atividades pode colocar em risco o status sanitário brasileiro — com impactos diretos sobre as exportações e a imagem do produto nacional nos mercados internacionais.

O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e lidera a produção de cacau, mandioca e diversas frutas tropicais. A presença de pragas e doenças de difícil erradicação nessas cadeias pode gerar prejuízos prolongados, não apenas econômicos, mas também logísticos e sociais, especialmente em regiões onde o setor agropecuário representa a principal atividade produtiva.

A proposta do Ministério da Agricultura também reforça a importância de manter a confiança dos compradores internacionais no sistema brasileiro. Em ambientes comerciais altamente sensíveis à questão sanitária, a credibilidade técnica das autoridades locais se torna um ativo estratégico. Informações claras, vigilância constante e resposta rápida são exigências cada vez mais decisivas nas relações comerciais.

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Embora o Brasil tenha resistido mais tempo do que outras nações à entrada da IAAP em granjas comerciais, o desafio permanece. Com múltiplos focos ativos no território nacional, a capacidade de resposta dependerá da articulação entre União, estados, produtores e instituições de pesquisa — e, sobretudo, da garantia de meios financeiros para sustentar essa rede.

A medida provisória com o pedido de R$ 135 milhões deverá ser avaliada nos próximos dias. Até lá, técnicos do ministério seguem priorizando ações em campo com os recursos disponíveis, mas alertam que o prazo para recomposição orçamentária é apertado. No campo, os riscos se acumulam com a velocidade das pragas.

Fonte: Pensar Agro

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Agronegócio

Câmara aprova mudanças na regularização fundiária em fronteiras

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A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que altera as regras para a regularização de imóveis rurais localizados em áreas de fronteira. A proposta, que ainda precisa passar pelo Senado, traz medidas que podem destravar processos parados há anos e atender a uma antiga demanda de produtores que atuam nessas regiões.

Entre os principais pontos, o projeto permite que a regularização fundiária seja feita por meio de uma declaração escrita e assinada pelo requerente, nos casos em que não seja possível obter certidões oficiais ou quando os órgãos responsáveis ultrapassarem o prazo de 15 dias para resposta. Isso busca simplificar trâmites que, muitas vezes, emperram devido à burocracia estatal.

O texto também abre caminho para que grandes propriedades, com mais de 15 módulos fiscais, possam ser regularizadas mesmo em áreas onde existem processos administrativos de demarcação de terras indígenas em curso. A proposta determina que apenas após a homologação por decreto presidencial será possível reconhecer oficialmente a sobreposição entre áreas privadas e terras indígenas. Até lá, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não poderá barrar os processos com base em situações ainda não concluídas.

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Outro ponto relevante é que os cartórios não poderão mais recusar o registro fundiário com base em demarcações ou propostas de criação de unidades de conservação que ainda não tenham sido formalizadas por meio de ato normativo.

O prazo para requerer a regularização foi estendido até 2030. Já as propriedades com área superior a 2.500 hectares continuam dependendo de autorização do Congresso Nacional. Nesses casos, o proprietário deverá apresentar requerimento e documentação exigida pela legislação agrária, mesmo que o Congresso ainda não tenha definido os trâmites internos até lá.

Entre os documentos exigidos estão o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a certificação do georreferenciamento da área, comprovação de produtividade e a ausência do nome do proprietário em cadastros relacionados ao uso de trabalho análogo ao escravo.

Para áreas menores que esse limite, e desde que não haja interesse público ou social no imóvel, o texto prevê a possibilidade de venda mediante licitação pública.

A aprovação da proposta foi recebida com otimismo por entidades representativas do setor agropecuário. Para o Sistema que representa produtores rurais em estados de fronteira, trata-se de um avanço essencial para a segurança jurídica e a manutenção da atividade produtiva em regiões onde as incertezas fundiárias ainda são uma barreira.

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“A medida vem em boa hora, pois regulariza imóveis que estão há décadas sem solução definitiva. Isso garante ao produtor rural o direito de continuar trabalhando com tranquilidade, acessar crédito e investir com confiança no campo brasileiro”, avaliou a entidade, em nota oficial.

A organização também destacou que a regularização, ao oferecer respaldo legal, fortalece o acesso a políticas públicas, evita prejuízos provocados por entraves burocráticos e permite que o setor continue contribuindo para a economia e o abastecimento nacional.

Apesar do apoio expressivo à proposta, há parlamentares que manifestaram preocupações com possíveis riscos de regularização de terras griladas e impactos ambientais em áreas de floresta. A tramitação no Senado, portanto, promete reacender o debate entre segurança jurídica, preservação ambiental e direitos originários.

Enquanto isso, produtores aguardam a conclusão do processo com expectativa de que as novas regras tragam clareza e estabilidade para quem vive e trabalha na fronteira agrícola do país.

Fonte: Pensar Agro

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