Carlos Hayashida e Estácio Chaves

Bancada de MT permanece intocável

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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para anular a eleição de sete deputados federais eleitos em 2022, após revisar as regras de distribuição das “sobras eleitorais”. Essa decisão gerou debates sobre possíveis mudanças na composição das bancadas federais de diversos estados, incluindo Mato Grosso.
No entanto, análises detalhadas, como as realizadas pela Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP), indicam que não haverá alterações nas cadeiras de Mato Grosso na Câmara dos Deputados.

De acordo com a decisão do STF, os seguintes deputados federais perderão seus mandatos: Augusto Pupio (MDB-AP); Gilvan Máximo (Republicanos-DF); Lázaro Botelho (PP-TO); Lebrão (União Brasil-RO); Professora Goreth (PDT-AP); Sílvia Waiãpi (PL-AP); e Sonize Barbosa (PL-AP). Esses parlamentares serão substituídos por candidatos que, segundo o novo entendimento, têm direito às vagas.

O quociente eleitoral é um cálculo fundamental no sistema proporcional brasileiro, utilizado para determinar o número de votos necessários para que um partido ou coligação conquiste uma cadeira no legislativo. Ele é obtido dividindo-se o total de votos válidos pelo número de vagas disponíveis. Nas eleições de 2022, o quociente eleitoral para deputado federal em Mato Grosso foi de 216.285 votos.

Com base nos votos obtidos, os seguintes partidos atingiram o quociente eleitoral e garantiram cadeiras diretamente. O Partido Liberal (PL) obteve 377.457 votos (21,81% dos votos válidos), garantindo 1 cadeira diretamente. Já o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) alcançou 272.659 votos (15,76%), assegurando 1 cadeira diretamente. Em seguida, o União Brasil (UNIÃO) recebeu 249.328 votos (14,41%), garantindo também uma cadeira diretamente.
A distribuição das cadeiras pelo quociente eleitoral, as vagas remanescentes são distribuídas entre os partidos que atingiram pelo menos 80% do quociente eleitoral e cujos candidatos alcançaram no mínimo 20% desse quociente, somente após essas suas fases da distribuição que ocorre a distribuição das chamadas “sobras das sobras”.

Com isso, a distribuição fez com que o PL recebesse mais três cadeiras pelas sobras, no total das quatro vagas. O MDB conseguiu mais uma vaga pelas sobras, ficando com dois representantes na Câmara Federal. Por fim, o União também obteve uma cadeira pelas sobras e tem dois deputados federais.

A análise das eleições de 2022 para deputado federal em Mato Grosso revela que todos os deputados eleitos o foram por meio do quociente eleitoral e pela primeira fase de distribuição das sobras. Não houve casos de deputados eleitos pela da chamada “sobras das sobras”, que seria uma terceira fase de distribuição, exatamente a que o STF entendeu ser inconstitucional e gerou a alteração da bancada de outros estados.

Assim, embora a decisão do STF tenha provocado mudanças na composição da Câmara dos Deputados em nível nacional, as análises indicam que a representação de Mato Grosso permanecerá inalterada. Os deputados federais eleitos em 2022 pelo estado continuarão a exercer seus mandatos, assegurando a estabilidade da representação mato-grossense no legislativo federal.

Estácio Chaves e Carlos Hayashida – Presidente e vice-presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MT

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Cuiabá, 306 anos: orgulho de ser chapa e cruz dessa terra cêpa

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Hoje Cuiabá completa 306 anos, e eu não poderia deixar passar em branco essa data que carrega mais do que tempo: carrega história, cheiro, sons e lembranças que moram na alma de quem nasceu e foi criado aqui. E eu digo com a boca cheia: sou cuiabano de chapa e cruz, nascido na Cidade Alta, e tenho orgulho catiça dessa terra quente, acolhedora e cheia de vida.

Vi Cuiabá se transformá com o tempo. Vi a poeira vermelha das ruas dando lugar ao asfalto, vi o mato virá bairro, vi a beira do rio encher de prédio, e mesmo assim, nóis cuiabano de raiz nunca deixou de sentí o coração bater mais forte ao ouvi um rasqueado ou ao sentí o cheiro de farofa de banana saindo da cozinha.

Cuiabá de antigamente: tempo bom que dava gosto de vivê

Quem viveu a Cuiabá de antigamente sabe do que tô falano. Era tempo dos bailes que amanhecia o dia, com sanfona cantano e a turma dançano agarradim, suado e feliz. Tempo de festa no bairro, de rede na varanda, de prosa demorada na porta de casa.

As praças eram ponto de encontro — da juventude, dos namoros, dos amigos de fé. Tinha os banho nos rio, onde a gente se jogava sem medo e saía com o cabelo cheio de areia e a alma lavada. O rio Coxipó, o Paraguaia, eram mais que paisagem: era lazer, era vida, era encontro.

E tinha também o som do rádio tocano lambadão, a vó fazendo bolo de arroz, os menino jogano bola com chinelo de trave e as vizinha gritando da janela:
“Óia os menino aí berrano de novo, vôte!”

Cuiabá de hoje: quente, moderna, mas com o coração de sempre

Hoje Cuiabá é outra. Cresceu, se modernizou, virou cidade grande, cheia de desafio, mas cheia de orgulho também. E eu me sinto privilegiado por ter visto essa transformação. Ver o Centro ganhar cara nova, os bairros se expandirem, as avenidas se abrirem — isso tudo mostra que essa terra tem força, tem garra, tem futuro.

Mas o mais bonito é que, mesmo com tudo mudano, o cuiabano continua sendo cuiabano: com o sotaque arrastado, com o jeito acolhedor, com a fé que não se abala, e com a mesma alegria de sentá pra tomá um guaraná ralado e falá da vida.

Parabéns, minha morena do cerrado

Cuiabá, minha terra querida, tu és digoreste demais! És quente, és forte, és cheia de histórias e cheia de amor. Eu tenho orgulho de cada canto teu — da Cidade Alta ao Pedra 90, do Coxipó ao CPA. Tenho orgulho de tê nascido em ti, de ter vivido tuas mudanças, e de sabê que onde quer que eu vá, Cuiabá vai comigo no jeito de falá, no calor do abraço e na saudade do que tu foste — e do que ainda és.

Parabéns, Cuiabá! Que venham muitos e muitos anos mais, com desenvolvimento, com cuidado, com respeito e com aquele jeito cuiabano que só quem é de chapa e cruz entende.

Neto Marques é jornalista e Cuiabano de Chapa e Cruz

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