Artigos

Incentivo à ciência começa na escola

Published

on

Celso Hartmann

Curar a covid-19 ou desenvolver vacinas seguras e eficazes contra essa e outras patologias, descobrir novas formas de proteger as populações de doenças já conhecidas, criar tecnologias capazes de facilitar a vida cotidiana em suas diversas facetas. Tudo isso é resultado do fortalecimento da ciência e da pesquisa, que só ocorre com investimentos financeiros e incentivando as novas gerações a se interessarem pela carreira acadêmica. Desde muito cedo.

A pandemia trouxe uma série de aprendizados que precisam ser absorvidos se quisermos evitar problemas parecidos no futuro. E eles vieram por meio de muito sacrifício, muita dor e muitos traumas sociais, emocionais e financeiros, seja no âmbito pessoal, seja no coletivo. Observá-los é fundamental para melhorar enquanto sociedade. E uma das lições mais importantes é justamente a de que não se cria ciência da noite para o dia. Prova disso é que os primeiros imunizantes produzidos no mundo vieram de países que costumam destinar muito de sua energia intelectual para o desenvolvimento da ciência. O Brasil, por sua vez, precisou contentar-se com as soluções oferecidas por essas iniciativas, pelo menos nesse primeiro momento.

 

Ao longo dos últimos anos, os valores disponíveis para pesquisadores brasileiros vêm sendo sistematicamente reduzidos. Atualmente, apenas 1% do PIB é aplicado em pesquisa e, recentemente, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) sofreu um corte de verbas de 30%. Parece muito (e é), mas o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) perdeu ainda mais, em torno de 80% dos valores necessários para comprar equipamentos e insumos. Ao mesmo tempo, o país não estimula crianças e jovens a construir carreiras como cientistas. Aliás, o cenário é ainda mais triste, já que muito desse potencial criativo nem mesmo compreende que essa seja uma possibilidade real. Trabalhar com pesquisa é uma realidade distante para meninos e meninas de todas as classes sociais do país. Afinal, a carreira paga mal e os profissionais precisam ter muita resiliência para lidar com a falta até mesmo de equipamentos básicos.

Leia Também:  "Meu café da manhã tem sido duplamente amargo..."

 

Mesmo diante de todos esses problemas, enquanto educadores, é nosso papel mostrar às crianças que esse é um caminho possível. E, acima de tudo, que dedicar-se à ciência também pode ser recompensador. Para isso, é preciso gerar nelas a curiosidade peculiar dos cientistas, que é a vontade não apenas de aprender o que os outros já sabem, mas também de descobrir novas fronteiras e explorar novas perspectivas para o conhecimento humano.

 

Podemos fazer isso de muitas maneiras. A primeira delas é dar um exemplo de dedicação e amor ao aprendizado contínuo, mostrar-se interessado em muitos assuntos e disponível para aprender com os próprios estudantes. A segunda é proporcionar atividades que ajudem a instigar o interesse. Experiências simples no laboratório ou fora dele, a exploração de hipóteses para solucionar problemas do dia a dia, e até a aplicação de conceitos da programação e da matemática podem contribuir grandemente para alcançar esse objetivo. A terceira é não apenas incentivar a leitura de fontes científicas confiáveis que estão disponíveis tanto na internet quanto nas boas e velhas bibliotecas, como também ensinar a ler artigos científicos. Ensinar a realizar pesquisas bibliográficas é uma das práticas mais importantes para professores que querem se tornar fomentadores da ciência. É grande o número de alunos que chegam à universidade sem nunca ter realizado esse tipo de trabalho de leitura, seleção e compilação de textos científicos de forma lógica. Prestaremos um serviço fundamental para a sociedade se focarmos algum tempo na juventude de nossos estudantes em atividades como essa.

Leia Também:  "Meu café da manhã tem sido duplamente amargo..."

 

Por fim, é responsabilidade da escola e dos governos garantir o acesso dos jovens a plataformas de pesquisa boas e atualizadas. É claro que isso depende de recursos, mas, assim como a vacina contra a covid-19 não foi criada sem investimentos, também é preciso pressionar as instituições para que apliquem recursos nesse tipo de conteúdo. Está também nas mãos dos professores pavimentar o caminho para um futuro mais brilhante para a ciência brasileira.

 

Celso Hartmann é diretor executivo dos Colégios do Grupo Positivo.

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

Artigos

“Meu café da manhã tem sido duplamente amargo…”

Published

on

Já se diz popularmente: “Ame os seus entes queridos enquanto estão por aqui”. Faça com que sintam acolhidos integralmente. Porque, depois que partirem, nada mais terá sentido algum. Vai sobrar apenas um grande vazio…”

Foi exatamente isso que comprovei após perder, no último dia 22, minha mãe Maria Madalena Batista. Um ser humano de serenidade espantosa, acolhedora ao extremo. Tanto que as visitas contínuas que recebia em casa, no Santa Amália, geralmente com desculpas de filar café, na verdade tinham outra finalidade: todos gostavam de ouvir seus conselhos, ponderações. Tinham “dona Helena” – conforme era mais conhecida – como uma mulher de sabedoria privilegiada. Concordo plenamente.

E é com base no dito café que ando enfrentando um vazio medonho desde o seu falecimento, quando ela nos deixou de repente, prostrada por sessões de radioterapia.

É mais uma guerreira que tomba, vítima de impiedoso câncer. É quase difícil aceitar que, até há pouco tempo, dona Helena ainda interagia alegremente…

ENFIM…

Desde que nos despedimos de sua doce figura, temos tentado a nos acostumar com o impacto do grande vazio que sua imperiosa presença preenchia na casa.

Como era salutar vê-la trabalhando feliz no seu pequeno atelier de costura, sempre atenta a quem apertava a campainha ou batia no portão. “Aguarde que já vou!”, respondia sorridente.

Leia Também:  "Meu café da manhã tem sido duplamente amargo..."

Também saía dali o tempo todo, praticando vai e vem incansável para cumprir os afazeres domésticos, inclusive o preparo de deliciosas refeições. Mesmo do lado externo da casa, distante da cozinha, dava para sentir o aroma apetitoso do seu tempero, herdado das raízes mineiras, em Patos de Minas -MG. Foi onde nasceu, em 1948.

“Dona Helena” é e será sempre uma pessoa vitoriosa para todos nós, seus filhos, amigos e a legião de admiradores que conquistou em terras mato-grossenses.

Ela desembarcou em MT em meados dos anos 60, vindo a morar inicialmente na pequena cidade de Dom Aquino. Ao se mudar para a capital mato-grossense, volta e meia visitava Dom Aquino, entremeando prosa alegre com conhecidos e parentes.

Ao todo, “dona Helena” gerou sete filhos, educando-os exemplarmente. Sinto-me honrado por integrar sua prole. Tornamo-nos seu grude corriqueiro, abarrotando a casa nos finais de semana e, por vezes, também no decorrer dos dias úteis. Nada como estar ao lado de nossa mamãe querida…

O triste de tudo é que toda essa rotina reconfortante deixou de ser algo palpável no dia a dia. Pois tenho acordado sem sentir o aroma de café fresco, estranhando não ouvir sua voz rouca e passos ao andar pela casa.

Leia Também:  "Meu café da manhã tem sido duplamente amargo..."

Nos primeiros dias, confesso, saí do quarto sem entender tanto silêncio, tanta ausência de tudo, inclusive do cheiro de café. E a ficha caiu ao perceber que dona Helena partira de vez para algum lugar iluminado. Fisicamente, já não estará ali nunca mais…

###

Crente na existência divina, sei que ela deve estar nos olhando preocupada, talvez sem entender, a princípio, o porquê de uma mudança tão desavisada. Será uma acomodação gradual, bem sei, pois logo, logo terá entendimento lúcido de que tem agora diante de si uma nova missão, sem perder o foco de suas antigas raízes terrestres, de amor infinito.

Espero, sinceramente, que um dia possamos nos encontrar com dona Helena, para então brindar os mistérios reais da vida que segue após o despojamento das vestes comuns que Deus nos concedeu na Terra.

Por ora, é imperioso nos limitarmos a recordar de suas feições amorosas, prontas para ajudar a quem necessitasse. Dona Helena foi serva especial do Senhor, ungindo de afeto quantos a procuraram. Daí a extensão impactante do vazio que sua ausência deixou no ar. É preciso, mesmo que difícil, nos acostumarmos com isso…

Por ANANIAS BATISTA, filho

 

 

 

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

POLÍTICA MT

POLICIAL

MATO GROSSO

MUNICÍPIOS

MAIS LIDAS DA SEMANA