Em mais um episódio da já tradicional novela política mato-grossense, o governador Mauro Mendes (União Brasil) encarnou o pacificador zen e preferiu não tomar partido no bate-boca entre o senador Jayme Campos (UB) e o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos). Com a elegância de quem cochilou no palco (literalmente, segundo ele mesmo), Mendes disse que não ouviu direito as farpas trocadas e, portanto, preferiu não opinar. A estratégia do “não vi, não ouvi, não me comprometo” parece ser a fórmula mágica para quem quer manter a base aliada em banho-maria até 2026, ano em que o barril de pólvora eleitoral deve explodir de vez no Palácio Paiaguás.

A rusga teve início quando Pivetta, já de olho na faixa de governador, resolveu subir o tom e disse sentir falta de senadores com “alta capacidade intelectual” — uma cutucada nada sutil na atual bancada. Jayme, sentindo o golpe, apelou à biografia de Abraham Lincoln, o lendário rachador de lenha, para dizer que inteligência é coisa de quem traz verba para os municípios, não de quem ostenta diploma ou bons discursos. A resposta veio embalada em moralismo parlamentar e cheirando a ressentimento eleitoral. Enquanto isso, Mendes faz de conta que tudo vai bem no Reino do UB, embora nos bastidores o fogo amigo esteja prestes a transformar lenha em cinzas — e a disputa pelo trono de 2026 já tenha começado antes mesmo do sinal verde.

Jornalista: Alex Garcia

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