Da Redação / Benedito Albuquerque
Especialista avaliam que algo em torno de 205 mil crianças, de 0 a 4 anos, não são atendidas por creches em Mato Grosso. Estatísticas dizem o número representa algo em torno de 72,1% do total de menores nessa faixa de idade, que chega a 285.502 no Estado. Apenas 27,8% desse público, ou seja, 79.523 crianças, têm vagas garantidas em unidades públicas, filantrópicas e privadas. Dados são do Radar Creches, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), e apontam a existência de uma fila de espera por 14.883 vagas em todo o Estado, de acordo com dados declarados pelos municípios referentes às vagas buscadas pelas famílias.
Educadores avaliam que o total apresentado pelos municípios não representa nem 10% do número de crianças que ainda estão sem o acesso a esse direito e, mesmo que esse número fosse atendido, Mato Grosso ainda deixaria de fora mais de 190 mil crianças nessa faixa de idade.
O órgão do Ministério da Educação destinado a essa questão, o Plano Nacional de Educação Infantil (PNE), estipula que nessa essa idade, pelo menos 50% das crianças devam estar em creches até 2024. Ao considerar a meta, é possível afirmar que existe a demanda de abertura de pelo menos mais 63.228 vagas em creches em todo o Estado.
Cuiabá, por ser a maior cidade e capital do Estado, é onde há a maior fila, são 32.677 crianças, de 0 a 4 anos, não atendidas. Na capital, a fila de espera por uma vaga chega 3.747, mas, ainda assim, mesmo que o município consiga atender essa demanda da fila, apenas 39% do público será beneficiado com vagas, ou seja, Cuiabá continuará fora da meta do PNE, com mais de 29 mil crianças fora de uma creche.
Essa é a realidade de Ariane Miranda, 25, que mora no bairro Silvanópolis, na Capital, e há mais de um ano tenta vaga para seus dois filhos, Allan, de 2 anos, e Renan, de 3 anos. De acordo com ela, as crianças não estão em fila de espera, já que ela foi informada que, nesse caso, seriam enviados para a unidade em que surgisse. “Eu preciso deles em uma creche para poder trabalhar e complementar a renda, mas não adianta mandar para um lugar muito longe, pois não tenho como levar”.
Na casa moram ela, o marido, as duas crianças sem vagas e uma filha de 9 anos. A única renda da família vem do trabalho do marido. “Não tem como pagar alguém para cuidar, pois não compensa. Então, a gente vai levando, mas a situação financeira poderia ser melhor se eu estivesse ajudando”.