Senado aprovou na íntegra projeto do Executivo Federal de reforma do ensino médio e agora a matéria segue para sanção do presidente Michel Temer (PMDB), o que deve ocorrer rapidamente. Mas, ainda em caráter de Medida Provisória (MP), antes mesmo de finalizar o trâmite no Congresso, as mudanças já estão ocorrendo e, em Mato Grosso, começam a ser implementadas neste início de ano letivo nas escolas estaduais, previsto para 13 de fevereiro, próxima segunda-feira, para as unidades que não fizeram a última greve dos docentes, e 13 de março, para as que fizeram.
Das 450 vagas que a unidade abriu para o chamado novo ensino médio foram feitas 380 rematrículas. Ainda restam 70 vagas.
A escola tinha aula também do 7º ao 9º mas os alunos foram remanejados para a unidade ao lado.
Diretor da escola, Roniclei de Lara Santos, mantém a mesma preocupação de quando soube que a Rafael Rueda seria uma das primeiras a implementar as mudanças em Mato Grosso. É que maioria dos alunos de lá estudam e trabalham e com o ensino em tempo integral, teriam que deixar o emprego, sem previsão de receberem bolsa ou qualquer auxílio.
“Nossa preocupação é com adesão, mas conversamos com os pais e parece que a maioria deles se convenceu de que é melhor o filho ficar dia todo na escola do que trabalhando, o problema é que essas famílias realmente precisam desse dinheiro a mais, porque são carentes”, observa.
O diretor ressalta que na escola de manhã terá aula normal e à tarde tutoria, reforço e cursos, os quais ele ainda não sabe quais serão.
“Sei que nossos alunos vão estudar, almoçar, tomar banho na escola”, explica.
Outra coisa que vai ocorrer é que todo o corpo docente, incluindo coordenadores, vão fazer uma prova sobre o projeto. “Recebemos uma apostila e estamos estudando”, explica.
As mudanças nas demais escolas, de meio período, também começam a ser implementadas este ano.
No projeto do Ministério da Educação determina um aumento gradual de 800 horas/aula por ano para 1.400.
A intenção é de que, até 2020, 30% das escolas de ensino médio do país sejam de tempo integral.
Em Mato Grosso, seis escolas estaduais já oferecem 1.400 horas/aula e boa parte delas – 245 – está no meio do caminho disso, com 1.000 horas/aula, como explica o geógrafo Gracindo Rogério Gomes, coordenador do Ensino Médio pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
Segundo ele, as mudanças serão graduais de modo geral e o texto sobre como as disciplinas passarão a ser ofertadas a partir de agora só deve chegar no segundo semestre.
“Sendo assim, 2017 será um ano de início de mudanças, mas muitos debates e explicações”, diz o coordenador, responsável peal equipe de implantação do ensino médio integral.
A intenção de que a comunidade escolar incorpore as mudanças às quais tiveram reação contrária em um primeiro momento.
Nas escolas, ainda há muitas dúvidas sobre o processo.
“A verdade é que está todo mundo perdido, sem saber como isso vai se dar, porque esta é uma mudança imposta por Medida Provisória, sem debate nenhum prévio”, reclama o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Henrique Lopes.
Segundo ele, cortar disciplinas, como sociologia é intencional para reduzir conhecimento do aluno. Na sociologia, os alunos aprendem sobre a vida social humana de grupos e sociedades, incluindo poder e política. Seria uma disciplina que politiza os alunos.
Outro alvo de críticas é a permissão para que professores, detentores de notório saber, mas sem diploma específico, deem aulas.
No caso do inglês voltar a ser única língua obrigatória, a crítica é a de não isso desvalorizar o espanhol, língua majoritária na América do Sul, onde o Brasil está inserido.
O sindicalista também diz que estruturalmente os prédios escolares não atendem à proposta o que deve gerar um disparate entre discurso e prática.
Sobre o aporte de R$ 9 milhões e 600 que o Governo Federal já encaminhou para Mato Grosso, ele avalia que parece muito mas é pouco. “É muito pouco, diante do caos nas escolas”.
O Ministério da Educação deu 5 anos para os Estados se adequarem.