Gibson, que adora viajar pelo mundo e é comparado por alguns ao personagem aventureiro do cinema Indiana Jones, já passou mais de um ano procurando pela aeronave – e usando dinheiro do próprio bolso.
Aos que o acusam de estar obcecado, ele responde dizendo que se vê numa missão.
Descoberta de novos objetos
O grupo está em Madagascar há uma semana e descobriu vários pedaços que poderiam ser do MH370.
A aeronave da Malaysia Airlines voava de Kuala Lumpur, na Malásia, para Pequim, na China, e sumiu dos radares depois de uma hora, enquanto sobrevoava o Golfo da Tailândia, no Mar da China.
A mãe de Grace Subathirai Nathan estava entre os 239 passageiros e tripulantes desaparecidos.
“NOVA parte de potenciais DESTROÇOS do MH370 encontrados na praia de Riake, na Ilha Sainte-Marie por um familiar de Jiang Hui há duas horas! Pela primeira vez uma peça foi encontrada por um de nós. Uma grande mistura de sentimentos para todos – dor, tristeza, confusão, esperança”, escreveu Grace, em inglês.
Um dos pedaços encontrados, ou uma combinação deles, pode eventualmente ser a chave para resolver o mistério.
Até agora, foram pedaços levados pelo mar até as praias e achados por gente comum – e não peças obtidas pela grande busca submarina oficial – que vêm dando uma ideia melhor do que deve ter acontecido a bordo.
Partes do sistema de flaps (dispositivos de sustentação) das asas encontrados em praias levaram os investigadores a suspeitar que a aeronave perdeu altitude rapidamente e sem controle, em vez de planar de maneira suave e controlada.
Em busca de olhos e ouvidos
Quando conversei com Grace por telefone, ela me contou sobre essa sua viagem incrível e única.
“Apenas um morador já tinha ouvido falar do MH370. Alguns provavelmente nunca tinham visto um avião de carreira, mas todos entenderam a dor da perda”, disse.
Os parentes dos desaparecidos querem que os habitantes das ilhas da região sejam seus olhos e ouvidos, procurando por possíveis destroços depois que as famílias voltarem para casa.
“Fizemos livretos em inglês, francês e malaio. São um passo a passo do que fazer – como lidar com destroços se você encontrá-los, como fotografar e entregá-los às pessoas certas”, explica.
“Os livretos são plastificados para que pescadores possam tê-los a bordo sem que sejam molhados e se percam. A autoridade de turismo local também nos ajudou a fazer um vídeo em malaio, que podemos exibir para os moradores. Alguns não sabem ler.”
Os familiares também recrutaram o prefeito, que vai guardar as peças encontradas até que elas sejam enviadas para os especialistas na Malásia.
A responsabilidade pela apuração do caso do sumiço do voo MH370 é do governo do país asiático.
Durante meses, as famílias vêm questionando por que elas mesmas – em vez das autoridades malaias – têm coordenado buscas nas praias em todo o mundo.
Grace está em Madagascar com um grupo de familiares que vivem na Malásia, China e França. Nenhum deles se conhecia antes da tragédia. Agora, formam uma equipe que está determinada a manter viva a procura por pistas.
As buscas marítimas devem ser encerradas em breve e os familiares vão ser os únicos procurando vestígios do voo.
Tudo o que eles estão achando ainda precisa ser analisado por peritos para confirmar se são partes do avião desaparecido.
Eles estão vasculhando milhares de quilômetros a partir de onde os investigadores acreditam que o avião caiu, o que faz sentido se pensarmos em como se comportam os oceanos.
Depois de meses de experimentos, cientistas mostraram que as correntes marinhas e os ventos devem ter levado pequenas partes do Boeing 777 flutuando pelo Oceano Índico para as costas de África do Sul, Tanzânia, Madagascar, Moçambique e Ilha Reunião.
Acredita-se que milhares de pistas ainda possam surgir, apenas porque ninguém as está procurando.
Algumas podem ser objetos pessoais dos passageiros. Outras, levar a respostas sobre o que aconteceu.
Um exemplo: se aparecer um pedaço danificado por fogo, isso pode indicar que houve um acidente, não um ato deliberado.
O que aconteceu com o voo MH370 é um dos maiores mistérios da aviação mundial. E são as pessoas que perderam entes queridos e um aventureiro americano ansioso pela verdade que mantêm viva a busca por respostas.