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Programa mostra rotina de juíza de MT que está na mira de criminosos

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Eles são vigiados de perto 24 horas por dia, no trabalho e na própria casa, por homens armados de pistola e fuzil. Estão sob constante ameaça de atentados e emboscadas, sem direito de viver em família como gostariam. São juízes sentenciados de morte pelo crime organizado.
Durante seis meses, os repórteres do Câmera Record acompanharam a rotina restrita de magistrados “marcados para morrer” por facções criminosas, grileiros de terra, pistoleiros e políticos poderosos.
Yedda Christina Assunção é juíza titular da Vara Criminal de São João do Meriti, na Baixada Fluminense (RJ), região com maior índice de criminalidade do estado. Há pouco mais de um ano com escolta armada e carro blindado, Yedda está sempre preparada para enfrentar o pior.
— Na verdade é o nosso grande medo, a emboscada. Tanto de milicianos quanto de organizações criminosas. A fuga seria difícil e poderia causar danos a outras pessoas.
Por causa das ameaças, Yedda deixou de frequentar lugares abertos como a praia, por exemplo. Agora, toda vez que sai de casa, ela precisa avaliar o tamanho do risco.
— Eu poderia estar aproveitando a vida de outra maneira, com mais tranquilidade, com mais paz e estou deixando de aproveitar por conta das minhas escolhas no trabalho.
No estado do Rio de Janeiro, outros quatro magistrados vivem na mesma condição de Yedda. Alexandre Abrahão é presidente do Terceiro Tribunal do Júri da capital carioca há 19 anos. Há 13, anda com escolta.
— Já recebi inúmeras ameaças. Até perdi as contas.
Alexandre já julgou dois dos traficantes mais conhecidos do Rio de Janeiro: Fernandinho Beira Mar e Elias Maluco. O juiz diz que nunca teve de medo de julgar seja quem quer que fosse.
— Esse medo eu não tenho porque nunca me deixei influenciar pelo externo. Tento criar uma relação direta entre o processo e o juiz. Eu sou o juiz e o processo está na minha frente. Eu julgo o fato.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, 132 magistrados estão protegidos por agentes em todo o País.
Em Vitória, no Espírito Santo, Carlos Eduardo Lemos tem todos os seus passos vigiados há uma década e meia.
— O meu filho de 15 anos já nasceu escoltado. A minha filha começou a ser escoltada aos 3 aninhos… é interessante, chegou uma fase da idade dela, com 4, 5 aninhos que a gente ia viajar e ela sempre falava: ‘Ah, pai, vamos viajar a família inteira, eu, você, mamãe e os polícia’.
Mas o que faz o juiz e a família dele manterem a escolta há tanto tempo?
Eles aprenderam da pior forma que o crime no Espírito Santo não faz ameaças em vão.
— Nosso medo é realmente sofrer algum tipo de atentado como fizeram com um colega que trabalhava comigo: o doutor Alexandre Martins de Castro Filho. Eu também seria um alvo. Era um dos alvos programados e por uma questão, por várias questões, isso não aconteceu.
Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado em 2003, quando chegava a uma academia em Vila Velha, na Grande Vitória. O juiz foi surpreendido por dois homens, levou três tiros e não resistiu.
— Nem eu e nem o doutor Alexandre Martins acreditávamos que eles pudessem fazer alguma coisa. E fizeram. Hoje, eu não me dou o direito de desacreditar mais.
De acordo com a força-tarefa que investigou a execução de Martins, o chefe deles, o juiz Antônio Leopoldo Teixeira, seria o mandante do crime.
A repórter Gabriela Pimentel entrevistou com exclusividade Antônio Lepoldo, que nega qualquer envolvimento no assassinato.
— Não mandei matar e nem cogitei. Nunca tive motivo para isso. Eu lamento o passamento do doutor Alexandre. Foi um negócio triste, triste…e que causou dano a muita gente.
Na imensidão do Brasil rural, o juiz Heliomar Rios, de uma pequena comarca no sul do Piauí, desafia grileiros. Ao descobrir que é alvo de pistoleiros, passou a viver trancado num pequeno cômodo de uma pensão sem proteção alguma.
— Muitos pensam, como já foi dito, que o magistrado vive em palacetes, é magnata, mas é essa nossa vida. Não só a minha, mas de muitos magistrados no Brasil.
Heliomar foi escoltado por três anos. No meio de 2016, por ordem do tribunal, teve que abrir mão dos seguranças. Mesmo contra a própria vontade.
— Tive que tirar a minha família. Eles moravam aqui comigo. Minha filha perdeu o ano escolar. Não pode estudar nesse ano devido a retirada daqui da cidade de Bom Jesus.
Em uma das sentenças de maior repercussão, Heliomar bloqueou 124 mil hectares daquele que seria, segundo as investigações da polícia, o maior grileiro da região, o empresário Euclides de Carli.
Ao mandar prender catorze políticos, entre eles, um ex-governador, Selma Arruda entrou para lista dos “marcados para morrer”. Selma é responsável pela Vara de Combate ao Crime Organizado de Cuiabá, capital do Mato Grosso.
Há um ano e meio, ela precisa de proteção da Polícia Civil do estado para viver.
— Se for levar à risca essas questões de segurança, você não vai a lugar nenhum. Mesmo em uma igreja, você tem que entrar no meio das pessoas.
Na fronteira mais explosiva do Brasil, um magistrado já condenou mais de 100 narcotraficantes, confiscou centenas de mansões e carros de luxo e tomou mais de 2 bilhões de reais do crime do crime organizado: é o doutor Odilon de Oliveira. Hoje, ele é o número 1 da lista de juízes ameaçados de morte e está há 17 anos sob proteção da Polícia Federal, dia e noite.
Segundo a investigação do serviço de inteligência brasileiro, bandidos oferecem 1 milhão de reais pela morte dele.
— Os inimigos mesmo que eu tenho são traficantes, grandes traficantes. Contrabandistas, lavadores de dinheiro. Sempre relacionado ao tráfico. Falta aquela liberdade que a pessoa tinha antes, porque depois da vida e da saúde, a liberdade ocupa o primeiro lugar. Então, isso faz muita falta.
Após 30 anos no combate ao crime organizado, Odilon de Oliveira não esconde que já pensa em se aposentar. Mas, por lei, sabe que quando deixar o cargo de juiz também vai perder a proteção.
— Se eu for ficar sem segurança, eu vou embora, vou virar as costas para o Brasil, vou embora para o exterior.

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Mulher de 21 dá nó fatal com cinto e esfaqueia idoso de 80 anos

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Reprodução internet

Um encontro entre gerações terminou em tragédia e sangue em Itanhangá (453 km de Cuiabá). O idoso Cecílio Coletti, de 80 anos, foi encontrado sem vida, esfaqueado e com um cinto apertando o pescoço — uma cena que chocou até os mais experientes. O crime ocorreu dentro da própria casa da vítima, na última terça-feira (15), e teve como autora uma jovem de 21 anos que trabalhava em um bar vizinho.

Segundo a polícia, o caso começou com uma simples discussão entre os dois, mas terminou de forma brutal. A jovem, que poderia ter dado apenas um tempo, preferiu dar golpes fatais. Confessou o crime sem rodeios, talvez imaginando que sinceridade reduz pena.

Enquanto a perícia tentava desenrolar os detalhes do assassinato, os vizinhos tentavam entender como uma conversa virou confronto e um cinto virou corda da morte. O caso segue sob investigação.

Jornalista: Alex Garcia

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