A Policlínica Dr. José Faria de Vinagre (Policlínica do Verdão) está com os dias contados. Ela terá o mesmo destino que a do Pascoal Ramos, ou seja, dará lugar a Unidade de Pronto Atendimento Oeste (UPA Verdão), prevista para ser concluída até o mês de abril. Para este serviço ser concluída, ela fechará as portas a qualquer momento, sem um dia exato e específico. “Na verdade é uma evolução. Uma melhora na saúde que estamos fazendo. Isso para poder atender melhor a demanda”, disse o coordenador da Policlínica Dr. Flávio Eduardo Barbosa Souza em exclusividade ao vozmt.com.br. A prefeitura, também, justifica que o serviço será realocado para a nova unidade e o prédio será usado para outros serviços, ainda a serem estudados pela gestão da saúde.
Entretanto, a comunidade elogia o trabalho que vem sendo feito pelos servidores da saúde que atuam na Policlínica do Verdão, entretanto criticam a falta de manutenção do prédio e também o fechamento. Nesta terça-feira, por exemplo, houve um “bom exemplo” de cidadania e trabalho humanizado dentro do setor. Com a superlotação, o Dr, Flávio se dirigiu até os pacientes e explicou a situação da demora no atendimento. “Estamos priorizando os casos de emergências. O que falta, na verdade, é esse diálogo aberto e franco que já vem sendo mudado. A população precisa procurar mais os PSF’s (Unidade de Saúde da Família) de seus bairros para situações de baixa complexidade”, diz o coordenador alegando que é possível ter uma saúde de qualidade se houver mais conscientização, organização e informação a toda população.
O fechamento da Policlínica já vinha sendo cogitada desde o ano passado na gestão do ex-prefeito Mauro Mendes (PSB). À época a Federação Matogrossense de Associações de Moradores de Bairros (Femab), havia criticado a decisão da prefeitura. O, até então presidente, Walter Arruda havia questionado que tanto a UPA Norte (CPA) quanto a UPA Sul (Pascoal Ramos) não estão atendendo quem vai em busca de socorro ou tratamento de doenças. “É inadmissível o que estão fazendo com a população pobre de Cuiabá. Entregar uma unidade de saúde e tirar outra é o mesmo que dar com uma mão e tomar com a outra”, criticou. “Nossos gestores precisam aprender a administrar em sintonia com as comunidades. Tem gente morrendo em busca de serviços da saúde”.
Uma senhora, que pediu para não divulgar o nome para não se expor, reclamou que na recepção da policlínica só há uma passagem, sem porta, que dá acesso a três sanitários: feminino, masculino e outro para Pessoas com Deficiência (PCD). Os ambientes são separados apenas por uma divisória, que deixa um espaço na parte inferior e outro na superior. Pessoas com estatura mais alta conseguem ver o que está acontecendo no banheiro do lado.
Segundo ela, para piorar a situação, além das mulheres e homens terem que dividir o mesmo espaço, a porta de uma das divisórias está quebrada, zerando qualquer esperança de privacidade. “Sofro de uma diarreia crônica, a todo momento preciso usar o banheiro, quando me deparei com a situação fiquei muito revoltada”, queixa-se. “Como a espera para ser atendida é longa não pude esperar. Tive que ir embora sem receber atendimento médico”.
O Poder Público investiu R$ 4,9 milhões na construção do prédio. A prefeitura reiteraque a capital não tem intenção de fechar unidades de saúde e destaca que o “Pronto Atendimento da Policlínica do Verdão será realocado para a UPA Oeste, que está em fase de construção em um terreno ao lado da unidade de saúde”, diz trecho da nota encaminhada à reportagem ainda no ano passado.
Ainda segundo a assessoria de imprensa, a última reforma da policlínica foi em 2014, quando a capital recebeu os jogos da Copa do Mundo. Apesar de confirmar que não há recursos previstos no momento para uma nova reforma, afirma existir um plano de melhoria física do espaço, mas ainda sem data, pois a prefeitura “por conta do período eleitoral fica impossibilidade de realizar algumas ações”.
Reclamações, segundo a SMS, podem ser feitas pelo usuário na coordenação local da unidade ou mesmo por meio da a Ouvidoria do SUS pelos telefones 0800 645 7885 ou 3617-7329. No caso da policlínica do Pascoal Ramos, que foi fechado quando a UPA ao lado foi inaugurada, a promessa foi uma reforma no prédio para outros serviços de saúde. Três meses depois, nenhuma obra foi iniciada no local.
POLICLÍNICA VERDÃO – A unidade foi implantada em 1988, pelo então prefeito Dante de Oliveira e pelo secretário de Saúde, Júlio Müller Neto. A última grande reforma na unidade ocorreu em 2009. Foram investidos cerca de R$ 8 milhões do programa federal Qualisus, com contrapartida do município.
As obras ampliaram a área originalmente construída de 931,51 metros quadrados para 1.636,68 metros quadrados. Houve melhoria do ambulatório de especialidades, ampliação da recepção, salas de Pequenas Cirurgias e de Gesso, Coleta de Exames Laboratoriais e criação de um auditório com capacidade para 20 pessoas.
O Pronto Atendimento foi ampliado com novos consultórios médicos e enfermaria mais espaçosa. O setor de Classificação de Risco recebeu duas entradas distintas, uma delas exclusiva para pacientes graves (Box de Emergência).