Cuiabá está longe de ser uma das capitais mais populosas do Brasil. Atualmente, beira 600 mil habitantes, mas precisa melhorar e ouvir opiniões sobre acessibilidade de quem tem um dos cinco sentidos comprometidos, como é o caso de quem tem deficiência visual.
Mesmo depois do período pós-copa, ainda há ausência de trechos para pedestres, calçadas com desníveis, orelhões mal posicionados e, principalmente, bocas de lobos abertas, tornam o trecho de caminhada para os cegos uma verdadeira maratona. A travessia de pedestres na Prainha, entre a 15 de Novembro e Isaque Póvoas é exemplo claro da desorganização pública. Os pedestres atravessam meia pista e aguardam a boa fé dos motoristas sob os canteiros para concluí-la. Isso sem mencionar as faixas de pedestres deslocadas e sem continuidade. Difícil situação? Imagina, agora, tudo isso para um deficiente visual, cadeirantes, e outros portadores de necessidades físicas!
Proporcionalmente, Cuiabá se equipara a São Paulo, que tem mais de 11, 2 milhões de habitantes e 2, 7 milhões de deficientes, ou Rio de Janeiro, com 6,3 milhões de habitantes e mais de 1,5 milhões de deficientes: nas metrópoles a parcela que possui algum tipo de deficiência representa 25% da população, na Capital de Mato Grosso o índice é de 23%.
Várzea Grande
Em Várzea Grande, a parcela da população que necessita de cuidados especiais também é alta: com quase 300 mil habitantes, o município possui quase 60 mil deficientes, o que representa 20% da população.
Outra situação reclamada pelos deficientes, refere-se ao transporte público. A alteração proposta pela prefeitura desde 2014, de colocar a catraca na porta do ônibus, dificulta a comunicação dos usuários com o motorista.
“Nós nem fomos consultados. Antes, nós já entravámos nos ônibus e ficávamos ali na frente, tendo uma comunicação melhor com o motorista. Agora, com a catraca na porta, temos que entrar por trás e, às vezes, até nos acidentamos. Se pedissem nossa opinião, iríamos pedir que não fizessem isso. Já tiraram o cobrador, agora querem retirar os bancos da frente”, afirma um dos deficientes visuais.
A necessidade de uma cidade adaptada é a prerrogativa fundamental para aqueles que desenvolvem deficiências físicas ou intelectuais com o passar dos anos. Nisto, o poder público, em geral, precisa respeitar os deficientes.
“Todos prometem, mas, quando eleitos, esquecem. Queremos mais um pouco de respeito. Precisamos de ter nossas necessidades dentro da cidade realizada. Fazendo sem nos perguntar só causam feridas em nossas joelhos e testas, devido aos acidentes”.
Defensoria Pública
A Defensora Pública responsável pela Coordenadoria de Ações Comunitárias, Silvia Maria Ferreira, no ano passado pleiteou administrativamente a instalação de sinais sonoros e de piso tátil nos semáforos de Cuiabá visando a acessibilidade dos deficientes visuais da capital.
Os ofícios encaminhados a prefeitura também mencionam a necessidade de adaptação das placas dos parques Zé Bolo Flor, Massairo Okamura, Projeto Porto Cuiabá (Orla do Porto), Parque das Águas e Tia Nair, que não possuem informações em braile.
A ação tomada pela Defensora partiu após uma reunião com a Associação Matogrossense de Deficientes (AMDE), quando as queixas mais frequentes da população foram passadas para a Coordenadoria. Para a Defensora, essas medidas são fundamentais para a qualidade de vida e o respeito aos direitos dos cidadãos cuiabanos.