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Cuba vai finalmente entrar na era da internet?

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Quando chegam, descobrem que seus iPads e smartphones de repente só servem para tirar fotos e que estas, para seu desalento, não podem ser compartilhadas imediatamente em suas contas no Instagram ou no Facebook.

Tanto os millennials obcecados pelo Snapchat quanto os workaholics viciados em e-mail olham descrentes para os celulares, à espera do familiar sinal 4G, enquanto percebem que passarão por um detox digital forçado.

Por outro lado, muitos dos que viajam a Cuba apreciam a oportunidade de se desconectar.

Mas o que para um turista não passa de uma inconveniência temporária é, na verdade, uma realidade diferente para os cubanos.

Algo distante

Por anos, a sensação de quem estava na ilha era que a internet era algo acontecendo em outro lugar, com outras pessoas.

Recentemente, porém, ficou mais fácil, e barato, ficar online em Cuba.

Existem agora mais de 240 pontos de wi-fi públicos espalhados pelo país, e o preço por uma hora de acesso a internet – embora ainda seja caro para os padrões internacionais – caiu pela metade, para algo equivalente a R$ 4,70.

Agora, tornou-se comum ver pessoas sentadas com seus laptops ou seus celulares em praças e parques públicos, conversando com suas famílias no exterior por vídeo.

Na iniciativa mais recente, a estatal de telecomunicações do país, a Etecsa, instalou conexões em cerca de 2 mil casas no antigo bairro colonial Havana Velha, como parte de um programa piloto de dois meses de duração.

Entre alguns dos contemplados está José Antonio Ruiz.

Seu modesto apartamento em um dos edifícios mais novos do bairro é parte do experimento online do governo. Empresário que aluga quartos a turistas, ele acredita que o novo “luxo” tem o ajudado de duas maneiras.

Primeiro, diz, agora é possível anunciar seu apartamento com mais facilidade em sites de aluguel temporada como o Airbnb, e responder aos e-mails dos clientes com mais rapidez que antes.

Segundo, ele consegue oferecer aos clientes um serviço único, fazendo com que tenha vantagem sobre os competidores.

“Os hóspedes ficam realmente contentes quando você diz que tem internet”, explica José Antonio. “Eles relaxam, já que sabem que podem checar o horário dos seus voos e seus e-mails, ou falar com suas famílias.”

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Preços proibitivos

A conexão é gratuita durante o período de piloto, mas espera-se que o governo publique os preços do serviço quando o programa for concluído, para que usuários decidam se querem mantê-lo ou viver sem ele.

O valor ainda não foi confirmado, mas a expectativa é que deverá custar cerca de R$ 46 por 30 horas de conexão na velocidade mais baixa, de 128 kilobits por segundo, e até R$ 344 para a velocidade mais rápida, de 2 megabits por segundo.

Como o salário médio em Cuba a cerca de R$ 78 por mês, os preços deverão ser proibitivos para muitos cubanos.

A internet de José Antonio não é suficientemente rápida para carregar vídeos, por exemplo. Ainda assim, é uma melhora em relação à conexão discada que alguns funcionários públicos têm em casa. Ele diz que pagaria para mantê-la como está, já que é suficiente para suas necessidades.

Um dia, porém, essas necessidades podem mudar, de acordo com o jovem blogueiro Ariel Montenegro.

“A transformação digital de um país não é só dar internet às pessoas, mas levar a elas serviços na internet, serviços cubanos”, explica ele em um ponto de acesso a wi-fi público em Vedado, bairro de Havana.

“Acessar serviços bancários ou pagar contas ou comprar ingressos para o cinema ou se candidatar a uma universidade, por exemplo. Quando esses tipos de serviços nacionais começarem ser oferecidos online, as pessoas naturalmente ficarão mais impacientes.”

Levará tempo para as coisas tomarem esse rumo, acredita ele. Mas muito já aconteceu em um período relativamente pequeno.

“Se você comparar com o resto do mundo, claro que ainda estamos atrasados”, diz Montenegro. “Mas já é um avanço. Quando eu comecei a faculdade, embora já tivessemos internet, ela era muito, muito, muito devagar. Você mal conseguia fazer qualquer coisa.”

“Em cinco anos, acredito que ao menos toda universidade terá uma conexão de internet muito rápida, além de bibliotecas, escolas e mais pontos de pontos de wi-fi públicos.”

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Culpa de quem?

A posição do governo cubano sobre a internet, porém, é ambivalente.

Ele culpa o embargo econômico dos EUA pela falta de tecnologia da informação em Cuba, argumentando que muitas das grandes empresas de TI ao redor do mundo temem entrar em conflito com as rígidas regras elaboradas por Washington para fazer comércio no país.

Desde que as relações bilaterais entre os países começaram a desgelar em 2014, esse ponto tem sido mais difícil de alegar, claro.

No ano passado, o Google chegou a um acordo com a Etecsa sobre armazenamento de conteúdo online de sites como YouTube e Gmail em servidores dentro de Cuba para melhorar o acesso local. Executivos da empresa estão, inclusive, interessados em fornecer mais produtos para a ilha.

No entanto, ainda existe desconfiança das autoridades com o acesso sem restrições à internet.

Seja proveniente de um imprudente programa da agência americana de cooperação internacional, a USAid, que visava enfraquecer o regime Castro por meio do serviço ZunZuneo – espécie de “Twitter cubano” que usava mensagens de texto -, seja por uma percepção mais abrangente de mídias sociais como uma ferramenta de dissidentes, as autoridades tradicionalmente têm sido cautelosas em relação à internet.

Depois de seu encontro com Raúl Castro no ano passado, o então ministro britânico das Relações Exteriores, Phillip Hammond, disse à BBC que o presidente cubano “claramente compreende o poder da economia digital para levar ao crescimento” mas que ele também citou preocupações acerca “dos aspectos negativos da internet, de radicalismo online a exploração sexual de crianças”.

Castro tem pouco menos de um ano antes de deixar a Presidência. Seu provável sucessor, o vice-presidente Miguel Diaz-Canel, passou a ser visto como receptivo à ideia de maior acesso online depois que defendeu publicamente um grupo de jovens blogueiros que postaram conteúdo relativamente crítico.

Conforme o programa piloto chega ao fim, o governo cubano deve decidir se o encerrará ou se irá expandi-lo pela ilha. Dependendo do preço, muitos potenciais usuários estão preparados para se conectar.

 

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Morre o papa Francisco aos 88 anos;

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O Vaticano confirmou na manhã desta segunda-feira (21) a morte do papa Francisco, aos 88 anos. O pontífice faleceu às 2h35 pelo horário de Brasília (7h35 no horário local), após complicações respiratórias decorrentes de uma pneumonia bilateral. Ele esteve internado por cerca de 40 dias e recebeu alta há um mês, mas seguia em cuidados médicos.

Francisco liderou a Igreja Católica por quase 12 anos. Ele foi o 266º papa da história e o primeiro latino-americano a ocupar o trono de Pedro. Também foi o primeiro jesuíta e o primeiro a suceder um papa que havia renunciado, Bento XVI, em quase 600 anos.

“O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai”, anunciou o Vaticano, em comunicado oficial. “Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja.”

Um papa fora dos moldes

Nascido Jorge Mario Bergoglio em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, na Argentina, Francisco foi um papa de estilo simples e direto. Escolheu o nome inspirado em São Francisco de Assis, protetor dos pobres, e adotou como lema do papado “Miserando atque eligendo” — “Olhou-o com misericórdia e o escolheu”.

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Durante seu pontificado, buscou uma Igreja mais próxima dos marginalizados, reformou parte da estrutura administrativa do Vaticano e tentou avançar em temas considerados tabus na Igreja, como a participação das mulheres, a bênção a casais do mesmo sexo e a acolhida a pessoas LGBTQIA+.

Apesar das críticas de setores conservadores, Francisco nunca abriu mão do diálogo. Recebeu um transexual no Vaticano, criticou abertamente guerras e líderes autoritários, denunciou a crise migratória e promoveu discursos firmes contra a desigualdade e a pobreza.

Internações e agravamento

A saúde do papa se deteriorou nos últimos meses. No início de fevereiro, ele foi internado no hospital Gemelli, em Roma, com dificuldades respiratórias. Foi diagnosticado com bronquite e, depois, com uma infecção polimicrobiana. Em seguida, desenvolveu uma pneumonia bilateral, considerada mais grave.

Mesmo durante o tratamento, continuou participando de compromissos religiosos e chegou a pedir desculpas por não conseguir discursar em eventos públicos. A internação mais recente durou cerca de 40 dias.

Repercussões e próximos passos

Líderes mundiais, fiéis e autoridades religiosas prestam homenagens ao papa Francisco nesta segunda. A Praça São Pedro, no Vaticano, amanheceu repleta de fiéis emocionados.

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Ainda não há detalhes sobre o funeral. A morte do pontífice abre o período conhecido como sé vacante, quando a Igreja Católica permanece sem papa até a eleição de um novo líder pelo Colégio dos Cardeais, no Conclave.

A expectativa é de que, nas próximas semanas, o camerlengo — autoridade que administra a Igreja durante a vacância papal — organize os ritos fúnebres e convoque os cardeais para o Conclave.

Uma liderança transformadora

Francisco foi considerado por especialistas como “um grande reformador”. Incentivou uma Igreja menos julgadora e mais acolhedora, especialmente em tempos de crise de credibilidade, escândalos de abuso sexual e desafios contemporâneos.

Ele próprio reconhecia que sua missão era urgente. Em 2015, disse acreditar que seu pontificado seria breve. Mas seguiu até o fim, dizendo: “Estou indo em frente.”

O mundo se despede de um papa que enfrentou tempos difíceis, buscou mudanças sem romper com a tradição e deixa como legado uma Igreja em transformação.

Jornalista: Mika Sbardelott

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