“Não foi só ele que mataram, foi um pedaço de mim também”. A frase emocionada é de Iracema Alves, mãe de Ney Müller Alves Pereira, morto com um tiro na testa na última quarta-feira (9), em Cuiabá. O autor do crime é o procurador da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Luiz Eduardo Figueiredo Rocha e Silva, que está preso por homicídio qualificado por motivo fútil e emboscada.
Em entrevista exclusiva à repórter Angélica Gomes, no programa Cadeia Neles, da TV Vila Real, Iracema falou sobre a dor da perda e a longa batalha da família no tratamento de Ney, diagnosticado com transtornos mentais desde a infância.
“O tratamento começou quando ele tinha apenas 4 anos. Já adulto, passou por várias internações. Quando estava em crise, saía pelas ruas e a gente corria atrás para trazê-lo pra casa”, relatou a mãe. Ney já havia sido internado em clínicas em São Paulo, Goiânia e no Hospital Adauto Botelho, em Cuiabá, de onde chegou a fugir no ano passado. “Ficou cinco meses em São Paulo, e foi lá que começou a usar drogas”, contou.
Iracema descreve o filho como amoroso e sempre presente. “Quando medicado, era um menino normal, me ajudava, vivia junto comigo. Ver aquelas imagens foi um choque”. A mãe conta que só acreditou no crime após ver os vídeos. “Um procurador da ALMT… eu não conseguia acreditar que ele tinha matado meu filho. Ele ainda o chama, e depois atira. É cruel”.
A família agora clama por justiça. “Não quero vingança. Quero justiça. Que ele pague pelo que fez e que sintam no coração o que é perder um filho assim”, desabafou Iracema.
O irmão da vítima, David Alves, reforçou o apelo: “Ele não pode virar apenas mais uma estatística. Ney era uma vida, uma pessoa que merecia respeito e cuidado. Não pode ser esquecido assim”.
O crime
O assassinato ocorreu por volta das 21h da quarta-feira (9), na Avenida Edgar Vieira, bairro Boa Esperança, em Cuiabá. Segundo testemunhas, o procurador estava dentro de uma Land Rover quando chamou Ney. Ao se aproximar, a vítima foi alvejada com um disparo na testa. Luiz Eduardo fugiu do local logo após o crime.
As investigações ficaram a cargo da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que iniciou diligências ainda no local. No dia seguinte, o procurador se apresentou à polícia e foi preso em flagrante.
Em depoimento, ele disse não saber o que o levou a atirar e alegou que Ney havia danificado seu carro dias antes. Apesar disso, a polícia trata o caso como homicídio qualificado por emboscada e motivo fútil. As investigações continuam.
Jornalista: Mika Sbardelott
Clique aqui e receba notícia do VOZMT no seu celular