Nesta quarta-feira (17), a Operação Diaphthora foi deflagrada pela 2ª Vara de Peixoto de Azevedo, sob a juíza Paula Tathiana Pinheiro, revelando um intricado esquema de corrupção dentro da Polícia Civil de Mato Grosso. As investigações resultaram na prisão preventiva do delegado Geordan Fontenelle e do investigador Marcos Paulo Angeli, além de medidas cautelares contra o advogado Gefferson Cavalcanti Paixão e Thawe Rodrigues Dorta. A operação teve como objetivo desmantelar uma associação criminosa que operava dentro da delegacia, envolvendo também garimpeiros locais.
A juíza Paula Tathiana Pinheiro destacou em sua decisão que o ex-governador Silval Barbosa estaria ligado ao esquema de corrupção, com supostos pagamentos de propina para beneficiá-lo. Segundo consta nos autos do processo, o delegado Geordan Fontenelle teria recebido vantagens indevidas, incluindo uma caminhonete Triton Savana, do ano de 2022, avaliada em R$ 200 mil, repassada por familiares de Silval Barbosa. A esposa de Fontenelle, Letícia Cristina de Souza Araújo, teve seu nome envolvido na operação, com ordens de busca e apreensão em sua residência.
A investigação aponta que a transferência do veículo para Letícia Cristina de Souza Araújo em outubro de 2022 foi parte do suposto pagamento de propina ao delegado. A magistrada ressaltou que Fontenelle utilizava de suas atribuições como delegado para angariar vantagens ilícitas, o que levou à proibição da transferência do veículo e à sua apreensão.
Geordan Fontenelle foi nomeado como delegado substituto em novembro de 2021, com seu estágio probatório previsto para terminar em novembro de 2024. Enquanto delegado da Polícia Civil de Mato Grosso, ele recebia um salário de R$ 35,4 mil. Já o investigador Marcos Paulo Angeli, que está na PC desde 2002, possui uma remuneração de R$ 25 mil. Ambos são apontados nas investigações como mentores e articuladores do esquema, aliados a garimpeiros locais e ao advogado Gefferson Cavalcanti Paixão.
Os crimes praticados pela associação criminosa incluíram solicitação de pagamento de vantagens indevidas para liberação de bens apreendidos, exigência de “diárias” para hospedagem de presos no alojamento da delegacia e pagamentos mensais condicionados a decisões sobre procedimentos criminais em andamento na unidade policial. Todas essas práticas levaram à descoberta da existência de um verdadeiro “gabinete do crime”.
Além das prisões e medidas cautelares já citadas, a operação resultou no afastamento de Marcos Júnior Cervantes, cujo envolvimento está sendo investigado pelas autoridades competentes. A Operação Diaphthora continua em andamento, com o objetivo de desmantelar completamente o esquema de corrupção e levar os responsáveis à justiça.