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TCE-MT dá 30 dias para SES corrigir falhas em minuta contratual com Hospital Albert Einstein

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Crédito: Tony Ribeiro/TCE-MT
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Conselheiro-relator, Guilherme Antonio Maluf. Clique aqui para ampliar.

O Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) apontou uma série de falhas no plano de trabalho e na minuta do contrato firmado com o Hospital Albert Einstein para gestão do Hospital Central de Alta Complexidade e estabeleceu prazo de 30 dias para que a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) apresente medidas corretivas. 

A decisão é fruto de acompanhamento simultâneo especial relatado pelo conselheiro Guilherme Antonio Maluf na sessão ordinária desta terça-feira (3). No processo, foram constatadas fragilidades como a ausência de critérios técnicos, metas genéricas e falta de mecanismos de controle.

“O contrato pode representar um avanço importante para a saúde pública, mas precisa de ajustes para garantir segurança jurídica, controle de resultados e economicidade. Estamos falando de mais de R$ 400 milhões ao ano. O papel do Tribunal é fiscalizar, orientar e assegurar que os recursos sejam bem aplicados”, afirmou Maluf.

Foi o que reforçou o presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo. “Ao longo desses meses o Tribunal vem acompanhando todas as tratativas que o Estado vem fazendo junto ao Einstein. O estado tem um histórico muito ruim de organizações que tiveram sua confiança, mas não corresponderam. Por isso essa fiscalização é fundamental.”

Segundo Maluf, a minuta contratual prevê R$ 49,7 milhões na fase pré-operacional, R$ 95 milhões para aquisição de equipamentos e R$ 34,9 milhões mensais na fase de operação plena. Desse total, 90% seriam pagos de forma fixa e apenas 10% atrelados a metas de desempenho, o que pode fragilizar o controle da eficiência e a economicidade.

“Destaco que a experiência negativa do Estado de Mato Grosso na parceria com entidades do terceiro setor se deu justamente pela falta de um planejamento adequado e de uma modelagem eficiente, em especial na ausência de fixação de metas quantitativas e qualitativas para transparência dos recursos da SES”, avaliou o relator. 

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No voto, foram destacadas a ausência de detalhamento por serviço, projeções de receita sem base na operação real, de redirecionamento de recursos de UTIs, Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e ações judiciais sem comprovação de substituição adequada, além de falta de estudos comparativos e omissão quanto à divulgação de salários. 

Maluf citou ainda a falta de previsão nas peças orçamentárias (LOA, LDO e PPA), falta de indicação das fontes de recursos, inexistência de autorização do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Condes) e risco de prejuízo a outras políticas públicas pela utilização dos recursos da SES e da Fazenda como garantia contratual.

A contratação da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein (SBIBHAE) foi autorizada pela Lei Complementar nº 815/2025, sem chamamento público, o que, para o relator, exige ainda mais rigor na fiscalização. Diante disso, ele destacou a ausência mecanismos de controle social e de auditoria externa independente. 

“O mérito da contratação é inegável, mas não podemos ignorar as fragilidades do modelo atual. Nossa responsabilidade é garantir que essas parcerias sigam critérios técnicos, metas claras e mecanismos de controle proporcionais. O modelo precisa evoluir para refletir o interesse público”, pontuou.

Diante do exposto, Guilherme Antonio Maluf acolheu o parecer do Ministério Público de Contas (MPC) e determinou correções imediatas, entre elas a inclusão de cláusula específica sobre a prestação de contas ao TCE-MT, com definição clara de prazos e responsabilidades. Seu posicionamento foi seguido por unanimidade pelo Plenário.

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A contratação 

 Em abril, o Governo de Mato Grosso assinou contrato com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein para a gestão do Hospital Central de Alta Complexidade, em Cuiabá. Reconhecido como o melhor hospital do Brasil e o 22º melhor do mundo, o Albert Einstein ficará responsável pela administração da unidade, que oferecerá atendimento 100% gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Na ocasião, o presidente Sérgio Ricardo afirmou que o acordo seria monitorado pari passu pelo TCE-MT e destacou a coragem do governador Mauro Mendes de concluir as obras do Hospital Central e firmar o contrato. “A população será atendida gratuitamente por um estilo de medicina que não existe em outro lugar e nunca existiu em Mato Grosso. Foram anos de uma obra paralisada e agora nós temos aqui o Einstein.”

A parceria é resultado de uma negociação que se estende há cerca de três anos e tem como objetivo garantir atendimentos de alta complexidade com padrão de excelência em especialidades como ortopedia, traumatologia, urgência e emergência. A previsão é de que o Hospital Central seja inaugurado em setembro deste ano.

Retomadas em 2020, após 34 anos de paralisação, as obras do hospital ampliaram o projeto original de 9 mil m² para 32 mil m², com estrutura para 10 salas cirúrgicas, 60 leitos de UTI, 230 leitos de enfermaria e outros 290 voltados ao atendimento geral. A capacidade estimada é de 2 mil internações, 652 cirurgias, 3 mil consultas especializadas e 1,4 mil exames por mês.

Secretaria de Comunicação/TCE-MT 
E-mail: [email protected]

Fonte: TCE MT – MT

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Fiscalização do TCE-MT aponta falta de medicamentos em unidade de saúde de Cuiabá

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Crédito: Thiago Bergamasco/TCE-MT
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Nesta quarta-feira (11), o conselheiro Guilherme Antonio Maluf participou da fiscalização na Unidade de Saúde da Família do bairro CPA III. Clique aqui para ampliar.

A fiscalização do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) na atenção básica já aponta, de forma preliminar, que a falta de medicamentos está entre os gargalos da saúde no estado. Exemplo disso é a Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro CPA III, em Cuiabá, vistoriada nesta quarta-feira (11) pelo presidente da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social, conselheiro Guilherme Antonio Maluf.

Embora a unidade seja bem avaliada pela população e apresente avanços na organização do atendimento, com o fim das filas, foi constatada a escassez de insulina e de remédios controlados. Além do abastecimento, informações referentes à saúde da mulher e ao combate à hanseníase estão sendo levantadas pela equipe do TCE-MT desde segunda-feira (9), em ação coordenada que abrange 72 unidades de saúde em 24 municípios.

“O objetivo não é punir ou criticar ninguém. A ideia é, primeiro, uma ação pedagógica: levaremos os resultados ao Plenário e encaminharemos recomendações aos municípios. Aqueles que fizerem as adequações necessárias estarão adequados. Já os que não tomarem providências poderão, futuramente, sofrer penalidades”, explicou o conselheiro.

Crédito: Thiago Bergamasco/TCE-MT
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Maluf, que é presidente da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social, acompanhou os trabalhos da equipe técnica do TCE.

De acordo com Maluf, esta é a maior auditoria já realizada no estado com foco direto na atenção básica à saúde e envolve todas as relatorias do Tribunal. Ao reforçar a relevância do trabalho, o conselheiro falou sobre o impacto direto do atendimento nas unidades básicas para o cidadão. “Aqui é a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde. Qualquer ação feita nessas unidades repercute na vida das pessoas.”

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Já o coordenador da fiscalização, o auditor público externo Denisvaldo Ramos, destacou que o trabalho não considera apenas a estrutura física, priorizando também a qualidade dos serviços prestados. “O objetivo é traçar um diagnóstico da efetividade do serviço. Aqui a gente não está preocupado tão somente com a questão estrutural das unidades. Muito mais do que isso, é a entrega do serviço”, afirmou.

Conduzida pela Secretaria Geral de Controle Externo (Segecex), com apoio da Comissão de Saúde e das Secretarias de Controle Externo (Secex), a fiscalização se estende até o dia 18 de junho. “Estamos no terceiro dia de trabalho em campo. Estamos recebendo os dados e alimentando o sistema com algumas métricas, mas o mapeamento será feito posteriormente”, acrescentou.

O trabalho segue metodologia inspirada em modelos adotados por tribunais como o TCE de São Paulo, mas adaptado à realidade mato-grossense. Assim, os critérios técnicos analisados foram divididos em doze blocos temáticos, como saúde da mulher, vacinação, atenção à criança, medicamentos, escalas médicas, adesão dos profissionais às cargas horárias previstas, entre outros.

Na USF do CPA III, a enfermeira Diana Mota relatou as dificuldades enfrentadas no abastecimento da farmácia. Segundo ela, o acesso de usuários de outros bairros também afeta o controle de estoques. “Temos cerca de 40% dos medicamentos disponíveis. A maior dificuldade hoje é com a insulina e estamos fazendo um mapeamento da população para tentar adequar a demanda.”

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Embora a unidade seja bem avaliada pela população e apresente avanços, foi constatada escassez medicamentos.

A enfermeira destacou ainda pontos positivos, como o fim das longas filas e a regularidade na distribuição de imunizantes. Ela também explicou que está em andamento um levantamento detalhado da população do bairro, com prazo de 45 dias, para identificar o número de hipertensos, diabéticos, gestantes e crianças. “Esse mapeamento vai ajudar a garantir que os insumos venham de forma correta.”

Usuária da unidade, Milena Aparecida Fernandes elogiou a oferta de vacinas e o atendimento dos profissionais, mas reforçou o problema do desabastecimento. “Sempre tem vacina, nunca faltou. Mas tem alguns pontos que poderiam melhorar, como no caso dos remédios e das consultas ginecológicas, que são mais difíceis de conseguir”, pontuou.

Já Suzana Barbosa, que buscava atendimento para o sobrinho, destacou a necessidade de ampliação da equipe no sistema como um todo. “Essa é a primeira vez que busco atendimento aqui e, até agora, deu tudo certo. Mas, de maneira geral, nas outras unidades, o que mais precisa é aumentar o número de profissionais”, completou.

Secretaria de Comunicação/TCE-MT 
E-mail: [email protected]

Fonte: TCE MT – MT

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