Um sonho de menino, interrompido de forma trágica. Davi Almeida Franco, de apenas 9 anos, morreu na tarde deste domingo (26) após ser atingido por uma linha com cerol, conhecida também como linha chilena, enquanto andava de bicicleta no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande.
Davi era conhecido pelo sorriso fácil e pela paixão pelo futebol. Sonhava em ser goleiro do Flamengo, para poder ajudar a mãe, Angela Maria, servidora do Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG), e mudar a vida da família.
Morador da cidade e aluno da EMEB Heroclito Leôncio Monteiro, no bairro Cohab Santa Fé, o menino havia contado o sonho ao secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Igor Cunha, durante uma visita do gestor à escola.
“Ele sonhava com a camisa do Flamengo e as luvas do Rossi”
Emocionado, o secretário lembrou do encontro com o garoto, que pediu uma camisa do Flamengo e as luvas do goleiro Rossi, ídolo do clube.
“Foi muito forte a minha conexão com o Davi. Ele chegou e me disse: ‘tio, eu tenho um sonho de ter a camisa do Flamengo e a luva do Rossi’. Prometi a ele que entregaria nesta semana. Infelizmente, o Davi veio a óbito. Ele chorou quando soube que ganharia o presente, e eu também me emocionei. Já deixei com a família, e é com essa camisa que ele será vestido”, relatou o secretário, visivelmente abalado.
A EMEB Heroclito Leôncio Monteiro, onde Davi estudava, decretou luto e publicou uma nota nas redes sociais expressando solidariedade à família e agradecendo o gesto do secretário.
“Em nome da comunidade escolar, externamos nossa gratidão ao secretário Igor, que não mediu esforços. Ele esteve conosco ontem, mesmo debaixo de chuva, na casa da família, para entregar a camiseta do time que nosso aluno tanto queria. Também deu apoio financeiro, completando o valor necessário para as despesas funerárias”, diz o comunicado.
O velório de Davi acontece desde a madrugada desta segunda-feira (27), na Capela Santo Antônio, e o sepultamento está previsto para ocorrer no Cemitério Parque Cuiabá.
A prefeita Flávia Moretti e o vice-prefeito Tião da Zaeli lamentaram profundamente a morte do menino. Em nota, a Prefeitura de Várzea Grande e o DAE-VG manifestaram condolências à família.
“Manifestamos nossa solidariedade e pesar à servidora Angela Maria e a todos os familiares pela irreparável perda de Davi. Que Deus conforte o coração de todos neste momento de dor”, diz o texto.
Conforme apurado, Davi pedalava pela Rua Japuíra, nas proximidades da UPA do Cristo Rei, quando foi atingido no pescoço pela linha cortante. O ferimento foi profundo e, apesar do socorro do Samu, o menino morreu ainda no local.
A Polícia Militar isolou a área e colheu informações para tentar identificar o responsável pela linha. A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) foi acionada, e o caso está sob investigação da Polícia Civil.
O uso de cerol e linha chilena é proibido por lei em todo o Brasil, por representar grave risco à vida de pedestres, ciclistas e motociclistas. A mistura cortante — feita com vidro moído e cola — é capaz de causar ferimentos profundos e fatais, como no caso de Davi.
Autoridades reforçam que soltar pipas com esse tipo de linha é crime, passível de multa e responsabilização criminal. O episódio reacende o alerta sobre a importância da fiscalização e da conscientização, principalmente entre jovens e pais, para evitar que novas tragédias se repitam.
Jornalista: Luan Schiavon
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