
Na tarde de quinta-feira (18 de setembro), o pós-doutor em Direito pela Universidade de Lisboa, Rennan Thamay, lançou em Cuiabá o livro “Ativismo judicial coparticipativo, colaborativo e dialogal: entre a jurisdição e a ficção”. A obra foi apresentada no Tribunal de Justiça de Mato Grosso durante o 10º Encontro de Sustentabilidade e o 2º Seminário de Mudanças Climáticas, realizados nos dias 17 e 18 pelo Núcleo de Sustentabilidade do Poder Judiciário de Mato Grosso, em parceria com a Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT).
Durante o lançamento oficial da obra no Brasil, Thamay destacou que o Poder Judiciário é, ao final, o responsável por impedir que omissões inconstitucionais persistam quando os demais poderes não cumprem seu papel.
“A grande dificuldade do chamado ativismo judicial, infelizmente, é achar que o problema está com o Poder Judiciário, quando, na verdade, não está, e este livro busca mostrar isso. O Judiciário é acionado para implementar condutas que os demais deveriam adotar, mas não o fazem”, salientou.

Conforme o autor, outro grande problema relacionado à temática, que leva muitos a considerarem o ativismo judicial negativo, é confundir ativismo com a vontade de uma única pessoa. “Isso não é ativismo judicial, isso é outra coisa. O que este livro defende é a ideia de um ativismo judicial que ocorra somente com base no pedido de instituições legitimamente autorizadas e dentro dos limites desse pedido, diante das omissões dos demais poderes. E, sempre que possível, em diálogo com os demais poderes.”
“Por exemplo, antes de permitir que o ativismo no Supremo tivesse ocorrido, no caso da Raposa Serra do Sol, um exemplo clássico que se aplica muito aqui a Mato Grosso, o Supremo Tribunal Federal poderia, em vez de criar a regra do jogo para as demarcações de terras indígenas, ter notificado o legislador para, em diálogo, verificar se havia interesse e condições de legislar sobre o tema. Após isso, e não o fazendo, o Judiciário estaria absolutamente à vontade para agir, desde que dentro dos limites do pedido e com base nele, nunca fora dele”, exemplificou.
Para Thamay, é inaceitável permitir que omissões matem pessoas ou impeçam o cidadão de ter o mínimo existencial para uma vida digna. “Se o Poder Judiciário está aqui, como está nesta casa e em outras também, pronto para responder à sociedade, não é razoável que a resposta seja ‘eu não posso julgar porque não é problema meu’, se o pedido está feito. Este livro realmente se preocupa em apresentar caminhos de diálogo para que o Judiciário continue realizando o ativismo judicial, mas um ativismo judicial diferente do que se tem falado por aí. Um ativismo que já tenho visto neste tribunal e em outros lugares, com diálogo, com observação do que tem acontecido lá fora, e não apenas decisões monocráticas. Esse não é um caminho razoável, pois pode trazer uma série de implicações”, pontuou.
Ele destacou que a obra também aborda, além das omissões do Legislativo, as do Poder Executivo. “Este é um livro que realmente defende um ativismo judicial não violento, não isolado, mas um ativismo judicial de um Poder Judiciário que tem feito, sim, um trabalho extraordinário no Brasil, com acertos e desacertos, como nós, na advocacia, também temos.”

Para o diretor-geral da Esmagis-MT, desembargador Márcio Vidal, o livro “Ativismo judicial coparticipativo, colaborativo e dialogal: entre a jurisdição e a ficção” não é apenas um roteiro de conhecimento. “É uma inovação, são ideias novas que estão sendo trazidas, com um fim, obviamente, esclarecedor, principalmente para aquelas pessoas que repetem aos quatro cantos que o ativismo é algo ruim produzido pelo Poder Judiciário. Vocês verão pela obra que é o contrário: é justamente quando ocorre alguma irregularidade ou omissão dos outros poderes que o Judiciário desempenha esse papel. Então, é completamente diferente.”
Doutor em Direito pela Universidad de Salamanca, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Università Degli Studi di Pavia, Thamay também é mestre em Direito pela Unisinos e pela PUC Minas. É professor titular dos programas de graduação e pós-graduação da Faculdade Autônoma de Direito (Fadisp), professor titular e coordenador de cursos no Instituto Iter, além de atuar como árbitro, consultor jurídico e parecerista.
Clique neste link para assistir ao lançamento (a partir de 3:40).
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (65) 3617-3844 / 99943-1576.
Autor: Lígia Saito
Fotografo: Josi Dias
Departamento: Assessoria de Comunicação da Esmagis – MT
Email: [email protected]
Fonte: Tribunal de Justiça de MT – MT